Menu Fechar

Festa: «Nem nato, nem patronato» – 19/11/2010 – 17:00

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O estado português declarou guerra às pessoas.

Não as vai matar ou sequer bombardear o Rossio, mas sim instaurar um clima de guerra, prometendo muitas montras partidas, carros incendiados e polícia na rua. Ainda não decretou o recolher obrigatório. Mas já mandou instalar mais câmaras de videovigilância e encomendou uma espécie de carrinhas de assalto, a serem utilizadas mais tarde no policiamento de bairros problemáticos. Hoje, o bloco negro. Amanhã, os negros em bloco.

O problema da NATO, deste ponto de vista, não é diferente do problema da OCDE, do FMI, da UE, ou de qualquer outra organização mundial o suficientemente importante para se conseguir identificar por uma sigla. A diferença não é grande, porque todas elas assentam numa mesma lógica: a imposição de um sentido, de uma orientação, de um caminho a seguir, sem bilhete de retorno. Inevitável. Perante o desabar do sistema, nem um passo atrás: se os baixos salários, a precariedade, os cortes sociais ontem indicavam o caminho para o progresso, hoje constituem a via de saída da crise.

Até lá, a palavra de ordem é mobilização: «Ter de se trabalhar a vida, e todos os seus capitais-qualidade, de modo a se poder ter a melhor das avaliações. Aceitar o que for preciso. Fazer horas extraordinárias. Ser a hard-working person e, já agora, um people´s person. Sorrir. Tomar um copo com o patrão no jantar de natal da empresa».

Cada vez menos pessoas parecem acreditar nesta palavra de ordem. Os recentes acontecimentos em França ou na Grécia, mais do que traduzirem esta descrença, manifestam algo mais importante: o deixar de estar sós perante o mundo. Algo que deve começar no bairro, passar pela escola e, no meio, bloquear todas as vias. Algo que não se deve limitar a este país e muito menos a uma determinada geração. Algo que deverá passar o medo para o lado do adversário, demonstrando-lhes o que é a austeridade. Caralho.

P.S. – De dia 20 a 24 são apenas quatro dias.